24 DE JANEIRO DE 1639
24 DE JANEIRO DE 1639
Nesta data, foi apresentada ao m. r. p. provincial dos Mercenarios de Quito a
petição em que Pedro Teixeira e seus companheiros de viagem solicitavam a vinda
para o Pará de religiosos daquella ordem. Esse requerimento, que é
interessantíssimo, vem fielmente transcripto e acompanhado de valiosas
indicações históricas em um documento de épocha, intitulado «Noticia da fundação deste Convento de N.
Senhora das Mercês desta cidade de Santa Maria de Belêm do Gram Pará a honde se
inclue o dewscobrimento do Rio Amazonas, e outras noticias mais das finçoens
das Aldeas do Rio Negro pelos primeiros, Religiozos da Congregação. Extraido
tudo se pode alcansar dos Documentos que se achão no Archivo do dito Convento no
anno de 1784».(Ms. Da Bibl. Nac.
do Rio de Janeiro, sem nome do autor), ao
qual pertence o trecho seguinte:
«Vendo o Capitam mór Pedro Teixeira a
grande veneração que naquelle novo mundo tem a sagrada religião de Nossa
Senhora das Mercês por terem sido nossos Religiosos os primeiros propagadores
da Fé se abrazou na devoção dezeiando trazer comsigo reliquias dqa Religião
para esta Cidade do Grão Pará querendo se fundasse hum Convento da dita Ordem
para o que fes hua petição ao M. R. P. Provincial de Quito, cujo theor é o
seguinte: Dis Pedro Teixeira, capitam mór de Engenharia, e descobrimento por S.
Mage., e capitam mór da armada Portugueza com o poder de Governadôr, e capitam
mór general particular por commissão do Governadôr e capim general Jacome Raymundo
de Noronha, para fazer nesta occazião o descobrimento e tudo o mais que conviver ao serviço de Deos, S. Mage
e bem da Gentilidade e sua conversão, e augmento daquella conquista, e os mais
officiaes e capitães da sua ompanhia com elle aqui asistentes, e abaixo
assignatos; Pedimos a V. P. M. R. pelo affecto e dvoção que temos á sagrada
religião de Nossa Senhora das Mercês, Redempção de Captivos, seja servido
darnos Religiozos para que em nossa Cidade de Bellêm, cituada no Grão Pará,
possão fundar hun convento da dita Ordem pelo grande fruto que esperamos em
Deos e sua Santissima May, que se habe fazer em Almas dos moradores da dita
Cidade, e conversão da Genialidade que há grande numero, e perecem por falta de
Doutrina que já agoardão pela mizericordia e de seus Ministros para o que nos
obrigamos e offerecemos citio para a dita Fundação, e terras para todo o gênero
de Lavoiras, e gado para sustento do dito Convento, e do citio, e Terras
faremos logo Escripturas para que se veja a nossa vontade e devoção, supposta
que pedimos a V. P. M. R. com toda a efficacia seja servido concedernos os
Religiozos que pedimos para o offiiiicacia seja servido concedernos os
Religiozos que pedimos para o effeito sobredito que nisso receberemos caridade,
como confiamos na pessoa de V. F. M. R. Christandade, e Religião sermos
despachados com toda a amizade e favor. O
Cappitam Mór Pedro Teixeira. O Coronel Bento Roiz
de Oliveira. O Sargento Mór Felipe Mattos. O
Cappitam Ignacio de Gosmão. O
Alferes Diogo Ferreira. Em 24 de Janeiro de 1639 la
aprezentarão os cabos. E vista pelo V. R. P. Me.
Fr. Francisco Muñoz de Baana, Vigario Provincial desta Provicia de Nossa
Senhora de las Mercedes disse que agradecia como piedade El Santo Zelo de Señor
Cappitam mór y de los mas Cappitanes, y officiales del Armada Portugueza, por
ser tanto del servicio de Dios nuestro Sñor y de sua Stma. Madre, y Bien de las
Almas de los Infideles y que para la fundacion dava y dio Religiozas tales
quales para tan sancta obra conbien, quanto el tempo dá lugar y del tudo
agradeció la memória que desta sagrada religion tem tido y que com el
continuación del camiño irá proviendo de más Religiozos muestros para la
pregacion y Dotrina y a sin la proveo neste y a sin la proveo neste Convento de
Nossa Senhora de las Mercedes de Quito em 24 de Janeiro de 1639. O
Me. Fr. Francisco Muñoz de Baana, Vigario Provincial de Quito+Lugar do Sellopor
mandado de Sua Paternidade Muito Rda. Fr. Pedro Movello
Leitor e Sevretario, etc.
«Aos 16 de Fevereiro de 1639 derão
principio os Portuguezas á sua de rotta partindo da Cidade de Quito para o esta
do Grão Pará trazendo comsigo os Religiozos de que fás menção o R. P. Me. Fr. Felipe
Colombo na vida do Veneravel Pe. Fr. Pedro Urrague, cap. 80, fl. 16, quaes
forão o Veneravel Pe. Revdo. Fr. Affonso de Armixo, natural de Quito, que havia
voltado de Espanha donte tinha sido Procurador Geral de todas as Religioens da
quelle Reino no anno de 1634, varão doutissimo, Religiozissimo, e summamente
pobre, muito zelozo na hora de Deos; escolheo este para seo companheiro da dita
fundação o Veneral Fr. Pedro de la Rua, que desde então se chamou de Santa
Maria, natural de la Pana, o qual tinha trabalhando muitos annos na doutrina
dos Indios, era de boa saúde, e costumado a soffrer rigores de diversos climas
contrários. Com estes veneráveis Padres vierão dois religiozes leigos; deo-lhe
o Convento todos Orname necessários o R. P. Provincial para fundar Convento, e
dar Habitos, e o Illmo. D. Fr. Pedro de Veiedo amtão Bispo daquelle Bispado lhe
deo varias cruzes de prata, e alguas Imagens. Logo no principio da jornada os
alcançarão hum Religiozo sacerdote, e hum leigo da Ordem, chamado hum delles o
Pe.Fr.. João Carrasco, espanhol, natrural de Alfal; morrerão nesta navegação
perlongada o Religiozo sacerdote de S. Francisco, e dos sarcedotes dos nossos,
dos quaes foi o Sto. pro. fundador. Fr. Affonso Armixo e outro não consta o seo
nome.
Depois
de terem chegado os Portuguezes e os dois ditos Religiozos da nossa Ordem a
esta Cide. do Pará a 12 de Dezembro de 1639, tendo gasto dez mezez na dª.
viagem, derão Ordem á Fundação deste Conv° o q. he o pr°. Desta congregação, e
se fundou em os chaons das cazas q. forão de Matheos Cabral, os quaes deo ditos
Religiozos fundadores com sete vacas, donte teve o principio o Gado que possue
hoje este Convento, por cujo respeito se diz hua missa cada mez pela alma do
dito Bemfeitor Matheos Cabral, a que ainda hoje se continua; e no mesmo anno se
principiou a dita fundação, pois consta que no mez de Março de1640 já estava
fundada, como se colhe de hua ceertidão do mesmo fundador, a qual se acha no
livro dos Rezistos deste Convento a fl. 159. Está cituado o dito Convento nos
confins da Cidade, a que chamão Campina, junto ao Rio da Cidade, tendo atraz da
Capella mór hum Forte que tem por título o (N. Pe. São Pedro Nolasco; tem o
frontespicio da Igreja Contra o sudeste, ficando a capella mór para o Noroeste;
a fabrica desta Igreja, e fundação do dito Convento feita pelos primeiros
Fundadores, e ajuda de alguns cidadões, foi feita tal, e qual a permitião
aquelles tempos, a qual obra se conservou desde o dito anno de 1640 athé aos 22
do mês d eJulho do anno de 1748, quando se deo principio á que hoje se acha
feita com a Fabrica que se está vendo, que os seu Fundador em seo lugar se
dirá, pois, pois se vai continuando com a noticia dos primeiros Fundadores, e o
argumento da Religião no serviço de Deus e da Masgestade the o prezente; pois
se verifica pelo livro dos Rezistos a fl. 25 que depois dos primeiros
fundadores terem beneplacido da camara desta cidade, e que com muito gosto lhe
foi concedido em nome de S. Magestade, elles ditos Religiozos com grande
edificação deste Povo não só com suas Pregaçoens para proveito das almas, e
utilidade dos filhos dos moradores desta cidade, ensinando huns a latim, e bons
costumes, e aseitando outros para Noviços, como consta de hua Certidão da
Camara do mesmo livro, de que tendo noticia a Magestade de ElRey D. João 4° da
dita fundação, por ordem sua mandou hir á sua prezença o primeiro religioso
fundador, que informado dos officiaes da Camara desta Cidade e da maior parte
dos cidadões delle do Beneficio que este Povo poderia vir a ter da tal
fundação, e visto o que alegou o religiozo pr°. fundador na prezença de S.
Magestade lhe mandou passar hum Alvará, que se acha no dito livro dos rezistos
deste Convento, cujo theor he o seguinte».
O
alvará de d. João IV, em que, «...tendo
respeito ao que se representou por parte de fr. Pedro de la Rua Cirne,
Religioso de N. Senhora das Mercês, de eu o mandar vir a este Reyno da
Capitania do Grão Pará por ser Castelhano, aonde elle, e outro religioso que em
sua companhia veio do Perú tinhão fundado hum Convento e recebido nelle cinco
noviços filhos da terra...», se
ordenava «ao Governador do
mesmo Estado e Cappitão-mór do Grão Pará, e a todos os mais cappitães,
Justiças, Officiaes,e pessoas que o
conhecimento deste pertencer lhe não ponhão empedimento algum, e o deixem hir
para o d° seo Convento», é
datada de Lisbôa em 9 de Dezembro de 1645.
Em 5
de Março de 1659, passaram «os
cidadãos da cidade do Grão Pará e mais homens bons da Republica della» uma certidão em favor dos religiosos
das Mercês, pediando a Sua Magestade «os
favoreça para um agmento da sua Religião assim no Reino de Porugual, como neste
Estado»,« a qual certidão, asignada por trinta e
sinco cidadãos os mais principaes desta cidade, sendo posta na prezença dosr.
Rey D. Affonso, attendendo autilidade que os Religiozos de Nossa Senhora das
Mercês poderiaõ vir a fazer neste Estado do Maranham, foi servido por sua Real
grandeza mandar passar hua Provisão afavor da Religião para se fundarem mais
Conventos...», segundo relata o
auctôr da refirada «Noticia», provisão
essa datada em 20 de Outubro de 1665.
Refere
o mesmo documento sôbre a fundação do convento N. S. das Mercês que «os religiosos mercenários foraõ os
primeiros Micionarios que no Reino do Certão do Urubú levantaraõ igrejas.
Pregarão o Santo Evangelho áquelles Barbaros, e Infieis, sendo o Padre Frei
Thiodozio Viegas Religiozo desta sagrada Religiaõ o primeiro Micionario que
neste vastíssimo Certão plantou a fé católica em os neófitos abitadores
daquelles Paizes...não só certaõ do Urubú mas tão bem no dilatado do Rio Negro.»
Em
1685, já os Mercenarios possuiam um engenho, «de
que se sustentavam», no
Pará,
provavelmente o de Val-de-Caens.
Com
relação á edifficação da egreja da Mercês diz a citada «Noticia»:
«...o Padre Frei Lino José
Freire, Religiozo a quem estaComunide e Convto. Deve o seo augmento, e grandeza
em que se acha, pois este Religiozo alem de ser zeloso dos bens da Communidade.
que administrou alguns annos, sendo chamado para Cômor. Deste Convte. do Pará
se mostrou com tanto no animo na dª. occupação, que logo no principio do seo Governo vendo a necessidade. q. havia de
continuar Igreja nova pela ruína em q. se achava a prª. desta Cide. a fés com
tanta grandeza, como se está vendo no tempo prete. e mta. parte do d°. Convt°.,
procedendo na sua occupção tanto no tempo do Commendador, como de Prelado maior
q. ao depois foi na observância Regular com tanta aceitação de todo o Povo
desta Cide. q. mereceo q. o Exmo. Sr. Mel. Bernado de Mello e Castro então
Governador desda Cide. lhe passou hûa Certidaõ tão honroza como he a q.
segue...»
E’
de 19 de Agosto de 1763 a certidão de Manuel Bernado de Mello e Castro.
1758 Foi
ercta em Villa, pelo governadôr Francisco Xavier de Mendonça Furtado, presente
na localidade, com o nome de Portel, a antiga aldêia de Arucará, que era da
administração dos Jesuitas.
Ficava
situada cerca de 2 graus acima do rio Pacajá. (Off. Citado. Ibidem).
Nenhum comentário:
Postar um comentário