12 DE SEPTEMBRO DE 1748
12 DE SEPTEMBRO DE 1748 Tendo
d. João V « resoluto que
corresse dinheiro de Estado do Maranhão»,ordenou
o conselho da Fazenda Real, por decreto desda data, que na casa Moeda de Lisbôa
mandasse lavrar para esse efeito oitenta contos em ouro, prata e cobre, que se
havia de ir entregando ao Conselho Utramarino. Por outro decreto passado na
mesma data, ordenou que o Conselho fizesse remetter esses oitenta contos na
frota do anno proximo vindouro, sento vinte e cinco contos para a Provedoria do
Maranhão e restante para o do Pará.
Em
1732 corriam por dinheiro no Pará: o cação, a tres mil e seiscentos réis a
arroba, e o cravo e a salsa a cinco mil e quatrocentos réis a arroba. Em 1740
tambem assucar era «moeda
e dinheiro corrente da terra»,
sendo seu valor taxado em tres mil réis a arroba.
«Antes do estabelecimento da Companhia do
Pará e Maranhão, as compras e vendas se faziam a troco de humas com outras, por
não haver dinheiro.
Os
soldados eram filhos de terra, poucos e mal disciplinados; e lhes faziam os
seus pagamentos em tainhas dos pesqueiros reaes, que recebiam em logar de pão
de minição; e o soldo se lhes pagava em cação, á razão de 3$600 rs. a rroba,
que era o preço arbitrário que se dava a este gênero, para correr no paiz como
dinheiro.
Toda
a despeza que o governo da metropole fazia era paga em cação. Ainda que este,
para correr como moeda, se lhe arbitrava o preço de 3$600rs. por arroba, logo
que se queria vender como gênero, para passar a Europa, ninguém dava mais por
elle que oito, dez, até doze tostoens a arroba, segundo a maior ou menor
quantidade que havia para se exportar; nunca porem excedia o ultimo preço de
doze tostoens. Era uma moeda falsa.
Até
o anno de 1755 não se conhecia gênero algum que se exportasse do Maranhão,
expecto humas insignificantes partidas de sola pertencentes a hum negociante
chamado Lourenço Belfort, e alguma dimunuta porção de algodão em fio, ou em
rama. Entre Portugual e aquella Capitania naõ havia navegação que se fizesse em
direitura; e os habitantes della eram os mais pobres de todos os que habitam
nas differentes Capitanias do Brasil.»
(Codices da Bibl. Nac. do Rio de Janeiro.)
«Fazia-se o commercio no principio (do
estabelecimento da Companhia Geral do Commercio) fiado, e a troco das
produçoens espontâneas do paiz, como cação, salsa-parrilha, oleo de copaiva,
cravo, e canella do mato, que alli crescem sem cultura, e algum arroz, e
algodão, grosseiramente fiado pelos genties, cujos novellos de algodão em
Portugual para torcidas de candieiros»(1). (Jacome Ratton, «Recordaçoens», Londres, 1813.)
Segundo
um officio original de d. Franciso de Sousa Coutinho, só em 1752 é que começou
a vir dinheiro em moeda para o Pará, entrando da metropole a quantia de
2:00$000 rs. para o pavimento dos cofres reaes da capitanía. (Doc. do Arch.
Publ. Nac.)
(1) O panno de algodão, tambem empregado como
moeda, começou depois a ser falsificado pelos moradores, dando em resultado a
sua prohibição, e o emprego só de novellos, enquanto não vinha moeda Metallica
para a capitania.
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