2 DE JULHO DE 1830 - Moronguêtá - Memorial do Livro

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02 julho 2016

2 DE JULHO DE 1830

 2 DE JULHO DE 1830 ­ Nesta data o padre Elias Gilbert Telles da Fonceca (como vinha assignado) dirigiu do Pará ao conde da Barca (Antonio de Araujo de Azevêdo) um representação ou memorial, atacando impiedodamente os menbros do Governo provisional brigadeiro Joaquim Manuel Pereira Pinto e o ouvidor Joaquim Clemente da Silva Pombo.
Do ultimo dous, diz elle nessa represemtação:
«O Desenbargador Joaquim Clemente da Silva Pombo he Ouvidor, he Administrador da Alfandega, he Deoutado da Junta da Real Fazenda, e he Menbro deste gov°. Este homem já deve ser bem conhecido de V. Ex., pois a S. A. R. tem sido levadas contas, e requerimentos sobre elle por Pedro Roiz Miz, e por Marcello Antonio Fiz, e por Domingos Jozé Antunes, Negociente desta Praça, e requisição do Negociante Freire de Lxa., e nellas se vê bem o seu caracter; mas como he senhor de boa caza, e tem sufficiente riqueza, elle tem achado patronos no Carneiro official maior da Secretaria do Sr. Marquez Aguiar, e no desembargador do Paço Luis Jozé Carn°, se fosse pobre elle estaria anniquilado.
Recoduzindo no lugar de Ouvidor há nove para dez annos elle tem desenvolvido um caráter de iguismo, que não póde occultar, e vaidozo por gênio, e estudo, e ambiciozo e sórdido por natureza, e habito, e elle se tem abalançado aos maiores dispotismos, e insollencias todas as vezes que se derijão aos seus fins, encobrindo seus procedimentos e desfarçando a dobrez de seu caráter com jantares, e chás nos dias dos annos de S. A. R. e de S. Masgestade, que sacrilegamente, que solleminmente, pois respira a liberdade, a licencia, e a extravagância acompanhando-se saúdes com tenidos de copos, etc,. convertendo-se um tão augusto festejo em commercio de amores, gracejos, bebidas, etc., e bebendo-se athê á Saüde das excomunhões do Bispo, quando este fez ver que procederia contra os libertinos. Em tal função se observa a maior impuridade , e a maior liberdade se acatamento , e sem aquelle puder, ordem e respeito que exige tão soberano. Objecto. Tal é o patriotismo que se pertence dar a taes jantares, e que o escândalo levou ao excesso de ler-se na gazeta de LXª. que alguns validos e protegidos mandarão imprimir, que tudo he falso, porque a maior miscellanea se admira em taes ajuntamentos. No Governo elle levou a sua vaidade ao cume de forjar huma ordem para o tratamento de excellencia, para cada Membro e fazer-se Continencia de General a cada hum a athê á sua toda Mulher!!! Esta ordem se acha nos corpos desta guarnição, e em Palacio, e tanto he verdade que obrigou a S. A. R. mandar hum Avizo de Abril de 1813 que prohibia pozitivamente taes continencias senão quando estivessem juntos. Mas elle sôfrego de vaidade este anno em 13 de Maio pelos annos do Nosso soberano, vendo doentes os dois Menbros, fêssahir ordem para haver cortejo, e quando se esperava ver o Governo, appareceu elle só na sala do docel, e deo só o cortejo com escândalo de todos, e transgressão evidente da ordem régia. Fez só de Gneral, recebeo Continencia de Bandeiras, e fez desfilar a Tropa ante elle, recebendo duplicadas continecias das Bandeiras, que se retiravão!!! Santo Deos, a tanto chega a imaginação exaltada de um aventureiro, que vindo para aqui pobre, e nada sendo se nasciento, hoje se acha moldando as izenções, etc. a seu gosto! Talvez que se tivesse tomado o expediente de referir estes factos ao Hipolito(1) , S. A. R. tivesse providenciado; mas tanto póde o sofrimento e humildade desde povo, que confia no meu soberano, mas que está longe. Devendo-se, pois, fazer o arrumamento da Tropa, e a grande parada por tão fausto dia, não era forçozo o Cortejo, o qual se não faz quando póde a vaidade! Como Administrador da Alfandega tudo nella está na mais incrível decadência, e na mais apurada desordem: Qualquer Negociante que tenha de fazer entradas do dinheiro para o Erario, elle as conserva em seu poder huma vez que seja da parcialidade do Administrador, e com um bilhete do seu Clinete o infame Bolonha Escrivão do Erario, elles dão a quantia pedida, enquanto se não pede, eles girão com aquelle dinheiro, de maneira que o Tezoureiro não tem exercício, e os Negociantes são outros tantos Tezoureiros. As rendas da Alfandega tem diminido, não há dinheiro para a Tropa, e tendo augmentado o Commercio, pois então e sahem 50 a 53 navios, e tendo crescido a lavoura do Cacáo, e por consequencia os seus direitos, e dízimos, a renda he menor que há seis annos atrás, mão se concebe como sendo agradável a exportação de generos tão carregados de direito, e que tanto têm augmentado, as rendas não augmentem !
Como Ouvidor julgue V. Ex. o que será hum homem relaxado, vaidoso, e iguista ! Estabellecido, e cazado no Paiz há 14 annos desde Juís de Fóra, elle se acha enllaçado suas circumstancias. Incapáz de se abster de ambição elle se envolve nos mais rediculos monopólios, com sociedade do dito seu compnaheiro(1), fazendo em sua mesma caza um comercio de farinhas, algoodão, etc.
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Tendo seu sogro Coronel de Milicias esta razão o põem no cazo de ter imensos clientes, que sirvão aos seus fins; e o dito Coronel elevado a hum poder, e ascendencia numa imaginada por cauza do Genro, dá o molde ás suas circunstacias , que seu genido lhe inspira, fazendo uma actitude de chefe de partido e proteção na posse de huma caza responsável, e legada a mil testamentárias, e legados, cujos encargos illude por ter o Genro Ouvidor, gemendo, entretanto os miseraveis interressados, e perdendo o Principe o que lhe pertence por taes legados. O Desembargador Nabuco que foi aqui Ouvidor, e o Juís do Crime no bairro de Santa Rita nessa Côrte João Miz Pena, que acabou de ser Juís de Fóra, apesar de ter sido sócio com o dito Coronel no contracto do Açougue como V. Ex. verá de contas que deo Pedro Roiz Henrique, e Joaquim Josê Loppes Godinho na sua residência, cujas residências já nada valem, elles poderão dizer que há da caza do dito Coronel, e o que he o Pará o Juìs de Fóra poderá declarar, pois sérvio com este terrível, e desgraçado Governo Interino.
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Em caza do sogro do Pombo he o Club, ou sociedade dos Jacobins e Pedreiros livres onde Luís Pinto vai fazer as duas secções, e onde e forjão as anedoctas que todas tendem contra a Moral, e lá se junta o Pupillo Juís de Fóra, e todo o principal fim he desacreditar o Bispo para o Principe, e injuria-lo para ver se morre, e haver liberdade de consciência.»
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Do brigadeiro Pereira Pinto fala com egual indignação. (Doc. Da Bibl. Nac. do Rio de Janeiro; cod. 14-10, n.16).




(1) Hippolyto José da Costa Pereira Furtado de Mendonça o redactor do Correio Brasiliense, que se publicava em Londres.
(1) José Antonio Pereira Guimarães.

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